Síria: evangélicos são 0,01% dos cristãos
Considerado um dos territórios mais antigos relatados nas Sagradas Escrituras, a Síria fica situada no Oriente Médio, entre o continente europeu e Israel, cenário de algumas passagens bíblicas famosas, como no período dos reis de Israel e na conversão do apóstolo Paulo. A Síria possui um grande território que se estende do Mediterrâneo em direção ao leste e inclui montanhas, grandes áreas desérticas e a bacia do Rio Eufrates. Sua faixa litorânea é separada da região oriental por duas estreitas cadeias de montanhas. No extremo sudoeste do país, encontram-se as Colinas de Golan, área que ainda é disputada por Israel.
A maior parte dos 17 milhões de sírios, divididos equivalentemente entre áreas urbana e rural, habita as regiões próximas ao Mediterrâneo. Dezenas de milhares de refugiados palestinos fazem parte da população do país e 40% dos habitantes têm idade inferior a 15 anos. Os muçulmanos conquistaram a região no ano 636dC e a cidade de Damasco foi a capital do Império Árabe entre 660 e 750dC. Egípcios, mongóis e turco-otomanos dominaram a região.
A maioria dos sírios dedica-se à atividade rural. Apesar de o crescimento econômico ter sido contido pelo declínio mundial dos preços do petróleo a situação da economia síria permite uma condição de classe média baixa à população. A maioria dos homens é alfabetizada, mas o analfabetismo atinge aproximadamente metade da população feminina. O atual governo sírio é uma república parlamentarista baseada na Constituição promulgada em 1973. Embora o governo teoricamente esteja dividido entre as esferas legislativa, executiva e judiciária, o presidente da república da Síria Bashar Al Assad, detém uma grande parcela do poder. Apesar de representar uma pequena parcela da população, a minoria alavita constitui o bloco mais poderoso do país.
No que se refere à política externa, o conflito árabe-israelense é a principal preocupação do governo. Quase 90% dos sírios professam o islamismo. A maioria de tradição sunita, mas cerca de 13% dos habitantes são alavitas e, portanto, praticam a tradição xiita. Dois por cento dos sírios afirmam não seguir nenhuma religião, enquanto os cristãos respondem por 7% da população. Destes 7%, somente 0,01% são evangélicos.
As igrejas devem se registrar junto ao governo, que monitora coletas de fundos e exige que se peça permissão para todos os encontros, exceto cultos. É normal que as cerimônias religiosas sejam anunciadas pelo toque de sinos. É permitido o uso de alto falantes a fim de que os cultos sejam ouvidos nas ruas. Lojas cristãs podem fechar aos domingos. Igrejas reconhecidas recebem serviços públicos gratuitos e estão isentas de impostos imobiliários. As igrejas na Síria são livres para construir, reformar e estender suas edificações. Todas as escolas oficialmente são governamentais e não sectárias, embora algumas escolas sejam na prática administradas por minoria cristã e judia.
Há instrução religiosa obrigatória nas escolas, com professores e programa de estudos aprovados pelo governo. Os cursos de religião são divididos em classes para estudantes muçulmanos e cristãos. Tanto a Páscoa ocidental como a Ortodoxa são reconhecidas como feriados nacionais. Os cristãos estão sujeitos às suas próprias leis religiosas sobre casamento, divórcio, custódia de crianças e herança. Embora não esteja no ranking dos 50 países que mais perseguem os cristãos, realizado anualmente pela Missão Portas Aberto, segundo Heliude Nunes, representante da instituição, “ainda há muito que evangelizar não só na Síria, mas em todo continente asiático e na África”. A Síria se destaca pelos conflitos étnicos e religiosos, uma vez que muçulmanos convertidos ao cristianismo não são vistos com bons olhos. Dessa forma, alguns missionários muitas vezes sentem-se desencorajados a evangelizar naquela região.
Pastores vigiados
Igrejas, bem como seus líderes, estão sujeitas à vigilância e monitoramento pelos órgãos de segurança do governo. Pastores têm de relatar à polícia sobre suas atividades e, por vezes, têm de entregar resumos de seus sermões. Em outros casos, sabe-se que a polícia secreta questiona membros sobre o conteúdo dos cultos, ou ainda assistem ao culto de domingo pessoalmente. Convertidos vindos do islamismo são vistos como uma ameaça à estabilidade religiosa e política. Essas convenções sociais fazem com que a conversão de um muçulmano ao cristianismo seja muito rara. Em muitos casos, a pressão social força aos que se comprometem em tais conversões a se mudarem para o interior ou a deixarem o país a fim de praticar sua nova religião abertamente.
Cristãos podem ser encontrados em todos os níveis sociais, até mesmo no governo. As igrejas tradicionais estão se destacando no ensino, distribuição da Sagrada Escritura, etc. Os cristãos que são minoria na Síria exercem uma ligeira influência, principalmente nas cidades, indústrias, profissões e nas áreas militares, o que lhes confere oportunidade de testemunhas de forma fervorosa a sua fé.
Há indícios de que existiam cristãos na Síria antes mesmo da conversão do apóstolo Paulo, já que ele estava a caminho de Damasco para capturar possíveis cristãos quando se converteu (At 9.1-9). A Igreja Ortodoxa Grega afirma que sua história na região remonta à época da queda de Jerusalém, quando o centro do cristianismo no Oriente passou a ser a cidade de Antioquia, que, embora estivesse localizada no atual território da Turquia, exercia influência devido à sua proximidade geográfica. Católicos e protestantes, no entanto, só se estabeleceram na Síria a partir do século 18.
A influência do cristianismo ocidental sobre o país tornou-se forte a partir de 1890, principalmente devido à influência das escolas cristãs sobre os governantes sírios. Hoje, o país conta com um número de evangélicos muito baixo. Dessa forma, o número de muçulmanos convertidos ao cristianismo vem diminuindo bastante, por isso há um clamor entre os cristãos de todas as partes do mundo para que Deus levante ainda mais missionários à tarefa de evangelização da Síria.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Nome do país: República Árabe Síria (Al-Jumhuriyah Al-Arabiya As-Suriyah)
Capital: Damasco
Governo: República sobre regime militar
Chefe de Estado: Bashar AL-Assad
Povos: Árabes (90,3%), curdos, armênios e outros (9,7%)
População: 17 milhões (53% urbana)
Área: 185.180Km²
Localização: Oriente Médio, Sudoeste da Ásia
Idiomas: Árabe, curdo, armênio, aramaico e circassiano, francês e inglês parcialmente entendido
Religião: Islamismo 89%, cristianismo 7%, sem religião 2%
População cristã: 1,2 milhão, fatia da população em declínio
Perseguição: Isolada e estável
Restrições: Há liberdade religiosa
No século 21: A continuidade da liberdade de evangelização terá uma contrapartida no aumento das tensões políticas e do controle governamental.
OBS: Dados estatísticos são de 2008.
FONTE: Jornal Mensageiro da Paz – Órgão Oficial da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Brasil.